Meu questionamento tem a ver com essa pergunta e pela reação de alguns colegas ao meu "closevote". Talvez para os colegas de além-mar a pergunta nada tenha de extraordinário uma vez que as palavras "uai" e "why" são ambas interjeições e tem pronuncia semelhante, além do fato de que esse falar mineiro é desconhecido em Portugal (e até em alguns estados do Brasil).
Mas, do lado de cá do Atlântico, qualquer professor de língua inglesa ou portuguesa reconhece logo o absurdo de se achar que uma palavra possa ter relação com a outra. "uai", interjeição usada pelo "mineirinho do interior" não é de uso corrente nas grandes cidades. Tem sua origem na fala do caipira, dos habitantes da roça. E eventualmente chega a alguns habitantes de Belo Horizonte. Mas é só isso.
E é sempre motivo de risos quando professores de Inglês explicam aos alunos o significado de "why" como interjeição e acrescentam em tom jocoso "It's influence from Minas Gerais", e todos riem. O absurdo de achar que possa haver alguma relação entre as duas palavras é tão grande quanto achar que a dança "forró", típica de alguns estados do nordeste do Brasil, tenha tido sua origem na expressão da língua inglesa "for all", significando que a dança seria para todos. Brinca-se muito por aqui com essas duas possibilidades que sabemos serem apenas falácias. E por aí vai, com muitas outras.
REPITO AQUI A POSIÇÃO DO PROFESSOR MARIO EDUARDO VIARO, professor da USP, doutor em Lingua Portuguesa, em relação a falácia do "uai" x "why": Presença inglesa em Minas Gerais? Quando? Onde? Mesmo que houvesse (suponhamos, na criação da malha ferroviária do interior), essa presença seria tão influente assim? O que move a “teoria” desse leitor é a semelhança fonética. Isso é o mesmo que nada. Com base em duas ou três palavras é possível que imaginemos que qualquer língua do planeta tenha influência sobre outra. Já fizeram isso com o tupi e o japonês, com o quíchua e o húngaro. Em persa, “mau” se diz bad, como em inglês; em malaio mati é “olho”, como em grego moderno. E daí? Coincidência. E mais: por que só essas palavras sobraram, se houve esse suposto contato? (referência e link)
Respeito quem formulou a pergunta mas é a minha opinião que perguntas desse tipo não enriquecem o site. Precisamos de mais perguntas para sairmos de beta, é verdade, mas precisamos de boas perguntas, ou no mínimo razoáveis. Sim, concordo que devemos ser mais complacentes com aqueles que estão ainda aprendendo o português como uma segunda língua.
Quanto ao comentário feito por um grande colaborador do site de que "só o fato de podermos encontrar a resposta através do Google não é motivo para se rejeitar uma pergunta." ou "Afinal, podemos encontrar tudo na Internet" eu respondo que há que haver um mínimo de pesquisa, e se a resposta pode ser facilmente encontrada em um dicionário, de etimologia ou não, definitivamente a pergunta será um mau exemplo e passaremos a receber esse tipo de pergunta: "qual a origem da palavra pedra?", "a palavra mesquinho teve sua origem em meskeen que significa pobre em árabe? Se a pergunta não acrescenta nenhuma justificativa para essa suspeita, além da semelhança fonética, não pode ser considerada uma pergunta séria. São perguntas semelhantes ao "uai" e não poderemos ter dois pesos e duas medidas. Deixo aberto a discussão pela comunidade.